Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Talvez o assunto mais caro para a cidade de Santa Maria pôde ser debatido na 11ª edição dos Painéis da Engenharia que trouxe como tema O Futuro da Segurança Contra Incêndio.
O ponto alto da tarde foi a palestra do professor e coordenador do mestrado e doutorado em Engenharias da Universidade de Coimbra, João Paulo Correia Rodrigues e sua palestra: Segurança Contra Incêndio, Aprender com o Passado para Prevenir o Futuro. O encontro foi no auditório Wilson Aita, do Centro de Tecnologia (CT).
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Durante a apresentação, o professor português comentou outros incêndios mundo afora e a repetição de erros, tanto no planejamento das estruturas bem como no desrespeito às medidas de segurança, a superlotação e falhas no processo de evacuação. Entre os exemplos, o Incêndio ao Edifício Andraus (SP) em 1972, o do edifício Joelma (SP), em 1974, o de Chiado, em Lisboa, em 1988 até a tragédia da boate Kiss, que em 27 de janeiro fez 242 vítimas fatais e cerca de 600 feridos.
Conforme Rodrigues, é necessário, junto da fiscalização, investir na educação das pessoas e em ações de prevenção:
- É preciso que algo na história traga grandes prejuízos e custe vidas humanas para que se faça aguma coisa. Em uma casa noturna, por exemplo, não custa nada, em menos de um minuto, o segurança dizer para cada um: "se houver uma emergência, é por aqui a saída". Bombeiros somos todos nós e se tivéssemos uma cultura mínima de segurança, ajudaria muito. A questão número um é dar informação com ações de sensibilização, seja pela mídia, por campanhas nas empresas, de como usar um simples extintor, e principalmente, iniciativas da prefeitura.
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Outros pontos mencionados pelo palestrante foram a importância do fortalecimento das atividades da Defesa Civil bem como uma unidade federal na legislação contra incêndio. No Brasil, as leis estaduais divergem muito uma da outra e têm atualizações que se distanciam até décadas. No Piauí, vale a lei de 1974, enqunto no Paraná, é de 2014. No Rio Grande do Sul, a Lei Estadual é de 2013.
- Não posso dizer que as leis estaduais estejam erradas, mas às vezes, incongruetes, o que dificulta projetos de engenheiros, arquitetos e dos próprios usuários. O ideal seria unificar para se tornar mais clara e eficaz - sugere Rodrigues.
A programação é encampada pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio Grande do Sul (Senge-RS), com patrocínio do CREA-RS e apoio do CT da UFSM. Discussões sobre legislação, regulamentação, resoluções e normas técnicas ligadas ao setor de segurança contra incêndios e a atual situação do ensino e da pesquisa também foram discutidas.
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De acordo com a Senge-RS, o valor das inscrições da 11ª edição dos Painéis de Engenaria serão revertidos à Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
ÉTICA
Na abertura do encontro, o presidente da AVTSM, fez um desabafo e deixou um recado aos profissionais presentes:
- Perdi um filho na tragédia que matou 242 jovens. Deveríamos estar exportando conhecimento e, às vezes, aqui na cidade, estamos jogando as coisas para debaixo do tapete. Aos profissionais que estão aqui há uma matéria muito importante na faculdade: ética, que não tiverem, nada vale o diploma em nenhuma profissão. É preciso ética, dignidade e vergonha na cara.